22/Maio/71 – 09h30

“Mônaco é uma joia engastada no alto do morro, que domina toda a baía que forma esta parte do mediterrâneo”.

Estamos seguindo em passeio para Mônaco. Estrada feita no morro, com chácaras, residências e hotéis construídos na rocha. O panorama é agradável, apesar do tempo nublado, pois está a chover em Nice. Espero que Mônaco esteja melhor.

Mônaco – Côte d’Azur – Riviera Francesa – Nice e todas as vilas, cidades, praias – ou lá o que seja que chamam por aqui – só têm uma finalidade: Monte Carlo!!!!

O Principado de Mônaco é uma das estórias da carochinha. Se houvesse sol veríamos melhor as belezas deste pedacinho de terra, conquistado por uma americana que aguenta galhardamente a vida insípida que é ser princesa, seja de um grande reinado, seja de um minúsculo principado.

Mônaco é uma joia engastada no alto do morro, que domina toda a baía que forma esta parte do mediterrâneo. Dista 30 quilômetros de Nice e no momento que se entra aqui se esquece Nice e suas ruas e avenidas que se tornam comuns diante da belezinha que é Mônaco.

Mônaco

Não existem ruas extensas, o tamanho do país não dá, a maior extensão, em uma praça talvez, seja onde está plantado o Palácio – castelo, residência do Príncipe Rainier e sua real família. A mudança da guarda lembra a opereta “O soldado de chocolate”.
A banda marcial toca as cornetas, suflam os seus tambores e, na frente, marcham os soldados que vão substituir os outros que estão na guarita, esperando os companheiros que os vão render. Todos de dolman preto e calças azul-marinho, com dragonas douradas, capacete preto com um penacho em vermelho e pontas brancas, cobrindo o coconuto do mesmo, cinturão branco, luvas brancas e os punhos vermelhos do dolman dão um contraste alegre aos soldadinhos de chumbo do Príncipe Rainier.

O trânsito, bem dirigido pela guarda garbosa e bem educada, dá maior realce ao bem cuidados País (se assim se pode chamá-lo).

Estamos sentados no carro, Lourdes e eu, esperando pelos três companheiros de aventuras, a saber por ordem de nascimento: Sr. Antenor, Sr. Diamantino e Sr. Waldemar. Eles foram assistir ao 13º Grand Prix. Hoje e amanhã haverá corrida de automóveis. O Waldemar é apaixonado por isso e o coitado estava a ponto de dar a luz, pois o tempo estava chuvoso, mas melhorou e parece que vai segurar. Em frente a nós está a Catedral e mais adiante está o museu. Depois iremos vê-los. (Não fomos….)

Almoçamos em um restaurante franco-italiano chamado “Saint Nicole”, onde comemos muito bem, aliás.

Voltamos a Nice pelas 15 horas. Os dias aqui são enormes, o alvorecer começa pelas 4h30 da madrugada e o anoitecer por volta das 20h30.

Não tenho tido a lembrança de marcar as horas, mas é mais ou menos isso.

Jantamos às 21 horas no restaurante “O Pizzicato”, baseados na cozinha italiana e, como o outro – Palermo, a agonia é a mesma, o corre corre é qualquer coisa de notável, a diferença é que este último tem mais espaço, mas nem por isso deixa de ter as suas aperturas.

O Sul da França compreende toda a costa, a que dão o nome de Riviera Francesa. Costa Brava é onde o mediterrâneo banha a Espanha. Côte d’Azur é a parte em que se localiza Mônaco. É muito bonito tudo o que a natureza criou por aqui e a mão do homem aplainou ao seu bel prazer. A natureza agreste, com seus montes rochosos, sua afamada Fraldas dos Pirineus, suas ravinas, apesar do burilamento por que passou é um perigo constante para o viajante, mesmo de dia. As estradas são em curvas fechadas para subir as escarpas quase indomáveis e, quanto mais abrupto é o terreno, mais perigoso e acidentado, aí se vêm belas casas de veraneio, residências, pequenos bangalôs, hotéis e restaurantes. As flores, de todas as espécimes, dão um encanto todo especial às paisagens.

Não simpatizei com Nice. Como disse anteriormente, prefiro Cannes. Tem aqui tudo que se pode desejar para viver, comer e se divertir. É só ter dinheiro. A mescla de raça dá um toque diferente a esta terra cheia de barulho e de gentes.

No comércio se misturam lojas onde vendem de tudo, restaurantes, cafés e casas de chá de todos os jeitos e modos. Uns têm cadeiras e mesas nas calçadas (aliás é típico da Europa, desde Portugal se vê isto), outros são do lado de dentro. A maioria dos restaurantes expõem suas comidas nas portas de entrada, cruas ainda, mas arrumadas de modo como ficarão depois de prontas. A ideia é prática e apetitosa, mesmo que não estejam cobertas na vitrines dos balcões frigoríficos, não existe perigo de deterioração, porque acima de tudo não existem as amaldiçoadas moscas. É tudo muito limpo, mesmo as ruas apesar da multidão que as infestam.

Mas, o que maior tristeza nos causou em tudo isso é a prostituição às escancaras que existe aqui. Já às 20 horas “elas” já estão pelas esquinas, de pernas à mostra (todas, com raras exceções, vestem short), arrumadas de cara e cabelo, são moças e bonitas, um chamariz perigoso para as sem muita firmeza da vida quererem imitar Deus! Quando será que essas coisas terminarão!?? Quando terá fim tanta miséria???!!!!!

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