9h30 – saída para Malmo – Suécia. Vamos de ônibus turístico, pois fica mais cômodo por não precisarmos tomar hotel. Estaremos de volta pelas 19h. O danado do guia só fala inglês e francês. Só o Waldemar e o Sr. Diamantino entendiam. A Lourdes pesca alguma coisa do inglês, mas como diz seu pai: tudo é farra…
É interessante notar um fator estranho e que desvanece o europeu destes lados, isto é, Suíça, Alemanha, Dinamarca e toda a Escandinávia: o nível de vida aqui é muito alto, mas apesar disso não existe miséria, como nos Estados Unidos, por exemplo. Aqui se trabalha e estuda, se trabalha e é dona de casa. Todos têm sua vida própria e acredito que gozem de fartura, embora a vida seja cara. Mendigos não vimos nenhum, mesmo na Itália, onde o povo comum é mais mal trajado em comparação aos outros que vimos até aqui, mesmo assim, como na Espanha até os cegos trabalham. Só na Itália tem mendigos realmente, mas não são maltrapilhos.
Quando chegaremos a esta altura? Pois com toda nossa malandragem, vamos demorar um pouco, não??
Para a travessia fronteira à fronteira tomamos um barco que nos engoliu com dois ônibus e tudo, à moda da baleia que papou o Jonas bíblico ou o Pinocchio, como queiram. O mar está manso mas não existe sol, portanto não há beleza.
Desembarcamos às 11h mais ou menos em Malmo, que é das poucas cidades que agrada logo que se vê. Até a entrada atrai nossos olhos desprevenidos. Os edifícios quase todos do mesmo tamanho, de quatro a dez andares, com varandas floridas, mas largas, com caminhos para pedestres (calçadas), bicicletas (beira da mesma) e automóveis.
Vimos uma moderna Igreja Católica, que aliás existem duas nessa terra de luteranos, e agora estão a fotografar um monumento sui-generis em frente ao teatro. Esculpidas em bronze, várias figuras conhecidas em teatro, desde Charles Chaplin até Hamlet. Sobre um pedestal de mármore figuras em tamanho natural das sete artes e encimando as figuras que me refere acima, cobrindo-as está um repuxo que vai jogar no tanque onde está colocado o pedestal. O efeito atinge o máximo em beleza.
A cidade tem bosques enormes, lagos e jardins bonitos e bem cuidados. O verde impera em toda a belíssima cidade que faz parte, orgulhosamente, do reinado de Gustavo Adolfo.
Almoçamos no hotel onde teríamos que nos hospedar, logo depois fomos ao banheiro, Lourdes e eu, mas quem disse que conseguimos entrar? Estava batendo chifre lá dentro, tentamos uma segunda vez, sem resultado, por fim deixamos para mais próximo da saída.
Andei um pouco sozinha e voltei lá, estava quase vazio. Safa!! Mulher quando se junta em toilette é fogo… Estou sozinha no ônibus, os outros estão dando um passeio, pois está chuviscando e estou tossindo muito; chega o que recebi de vento ontem no Tívoli.
Tem uma senhora no ônibus que não pode descer escada, creio sofrer de dores nas pernas. Ela pede auxílio ou lhe dão voluntariamente, deve orçar pelos 60 e alguma coisa e está viajando só. Lembrei de uma americana velha que encontramos no hotel em Roma. Alvoraçada, extrovertida, extravagantemente vestida, parecia uma cigana rica, separada do seu bando, correndo mundo para gastar o que havia conseguido amealhar. No fim descobriu que era americana e, pelo jeito, milionária. A tínhamos visto à noite, brigando com o rapaz da portaria, porque queria contar todos os documentos e dinheiro que ia mandar guardar no cofre do hotel e contava e tornava a contar. O pobre moço ficou mais velho que ela, só em aturá-la. Pela manhã, na hora do café, estava no restaurante a tirar retrato de tudo quanto era garçom e, se não quisessem, veriam o que ia acontecer!!!! Juntou à força um bocado deles (cinco ou seis) e bateu a chapa. Sobrou um que foi reclamar dela, não teve dúvida, colocou o rapaz lá no canto e tirou retrato dele sozinho. Quando terminou, abraçou-os e beijou a todos. Juntou as suas coisas (que não eram poucas) entre papéis, badulaques e porcariada louca, e foi-se. Quando olhamos para a cadeira, ela havia deixado uma luva, corri para entregá-la e quase não a alcanço pois parecia o furacão da Flórida, com rabo e tudo.
A chuva aumentou e vamos saindo de perto do hotel exatamente às 14h. Aqui perto fica o cemitério, não tem muro, apenas uma grade o separa da rua e tem alameda para passeio, saindo livremente da calçada.
Alcançamos a cidade de Lund, descemos para visitar a Catedral, mas eu fiquei, estava chovendo, o que não é mole. Não sei quantos quilômetros dista de Malmo, mas é muito perto, é menor que a outra, mas é bem bonitinha.
Ganhei, comprado em Malmo, um viking de madeira do tamanho de um dedo. O coitado tem mais nariz e cornos do que outra coisa, faz dó de tão feio, mas é engraçadinho a valer.
O que mais atrai em Lund é um relógio construído em 1380, astronômico, foi destruído em 1837 e reconstruído por um arquiteto dinamarquês em 1923. Não o vi mas todos foram unânimes em dizer que é um encanto único.
Seguimos viagem por outras plagas e atingimos uma aldeia que não conseguimos guardar o nome de tão difícil é o danado.
A maior reserva florestal do país é de propriedade particular. São 40 mil acres de terra, banhadas por lagos cheios de campos cultivados, floresta amazônica portentosa. Estou brincando. O panorama é belíssimo e é pena a chuva ter estragado em parte o nosso passeio. O dono das terras habita em castelo no meio da floresta. Vê-se de longe e se tem a vontade de ir ver de perto como habitavam as damas e cavalheiros de séculos passados. Parece um conto de fadas.
Atingimos a aldeia de Svaneholm. O Castelo que é hoje transformado em Museu, tem coisas valiosíssimas. Lá saltamos e tomamos a mangirioba, que chamam de café nesta parte do mundo. Se não deitar um pouco de creme, ninguém consegue tomá-lo. Café bem feito, gostoso realmente, melhor talvez que o nosso, é o italiano, aquele sim paga a pena tomar.
Amanhã estaremos de volta a Hamburgo. O passeio foi magnífico, só que a chuva destruiu em parte o prazer.