12/Junho/71 – a caminho de Amsterdam

Sairemos pelas 8h30 ou 9h para Hamburgo, se Deus nos ajudar chegaremos em paz. Chegamos às 17h.

13/Junho/71 – Hamburgo – Amsterdam

Alemanha, Dinamarca, Suécia, Holanda e Bélgica (clique na imagem para ampliar o mapa)

– partimos de Hamburgo para Amsterdam. Meio dia chegamos à última cidade alemã – Kalmar (não encontrei no mapa). Ainda que pareça incrível, não nos pediram passaporte, nem no lado alemão nem do lado holandês.

Chegamos às 17h35, fomos jantar às 19h e os três saíram para fazer um “tour”. Eu fiquei para não piorar a gripe. Amanhã me juntarei ao grupo. São 21h, está querendo anoitecer na cidade de Amsterdam. Somente as casas na Holanda têm a mesma arquitetura das outras da Alemanha, Itália, Suécia, Suíça e Dinamarca. O resto é diferente. O represamento da água começa praticamente desde a fronteira. Tem mais pasto e gado pastando do que plantação de cereais.

Não pude ver como queria porque estava muito mole devido à gripe, tossindo muito e não sei porque com um sono danado. Amanhã, tomara Deus, verei melhor tudo, então procurarei relatar da maneira mais verdadeira.

Nas casas e apartamentos por estas bandas pode faltar o que quiser, menos flores e cortinas nas janelas. Quando não existe varanda ou jardineira, as flores e os enfeites são por trás das vidraças. Junto com as transparentes cortinas e quase sempre rendadas, formam um efeito maravilhoso. Até nos restaurantes e motéis se encontram janelas encortinadas. Gerânios de uma variedade de cores e estilo que encantam, hortênsias enormes, de cores várias, as rosas sempre são em trepadeiras, enfeitando muros, janelas, portões, grades, caramanchões e jardins. Sempre tem “eras” subindo pelas paredes, modelando casas e apartamentos, tornando-os mais bonitos, se for possível. Aqui existe um profundo amor pelas águas e árvores.

Nas pequenas propriedades, as casas geralmente de dois pavimentos e as indefectíveis águas-furtadas são todas rodeadas de árvores. Só que elas (as árvores) por aqui dão flor, a não ser que sejam frutíferas, mas mesmo assim é de notar a ideia de saúde que eles têm diante da purificação do ar através da árvore e da água.

Malmo, Suécia

9h30 – saída para Malmo – Suécia. Vamos de ônibus turístico, pois fica mais cômodo por não precisarmos tomar hotel. Estaremos de volta pelas 19h. O danado do guia só fala inglês e francês. Só o Waldemar e o Sr. Diamantino entendiam. A Lourdes pesca alguma coisa do inglês, mas como diz seu pai: tudo é farra…

É interessante notar um fator estranho e que desvanece o europeu destes lados, isto é, Suíça, Alemanha, Dinamarca e toda a Escandinávia: o nível de vida aqui é muito alto, mas apesar disso não existe miséria, como nos Estados Unidos, por exemplo. Aqui se trabalha e estuda, se trabalha e é dona de casa. Todos têm sua vida própria e acredito que gozem de fartura, embora a vida seja cara. Mendigos não vimos nenhum, mesmo na Itália, onde o povo comum é mais mal trajado em comparação aos outros que vimos até aqui, mesmo assim, como na Espanha até os cegos trabalham. Só na Itália tem mendigos realmente, mas não são maltrapilhos.

Quando chegaremos a esta altura? Pois com toda nossa malandragem, vamos demorar um pouco, não??

Para a travessia fronteira à fronteira tomamos um barco que nos engoliu com dois ônibus e tudo, à moda da baleia que papou o Jonas bíblico ou o Pinocchio, como queiram. O mar está manso mas não existe sol, portanto não há beleza.

Desembarcamos às 11h mais ou menos em Malmo, que é das poucas cidades que agrada logo que se vê. Até a entrada atrai nossos olhos desprevenidos. Os edifícios quase todos do mesmo tamanho, de quatro a dez andares, com varandas floridas, mas largas, com caminhos para pedestres (calçadas), bicicletas (beira da mesma) e automóveis.

Igreja Católica em Malmo, Suécia. Arquiteto: Hans Westman (1960).

Vimos uma moderna Igreja Católica, que aliás existem duas nessa terra de luteranos, e agora estão a fotografar um monumento sui-generis em frente ao teatro. Esculpidas em bronze, várias figuras conhecidas em teatro, desde Charles Chaplin até Hamlet. Sobre um pedestal de mármore figuras em tamanho natural das sete artes e encimando as figuras que me refere acima, cobrindo-as está um repuxo que vai jogar no tanque onde está colocado o pedestal. O efeito atinge o máximo em beleza.

“Monumento sui-generis em frente ao teatro”

A cidade tem bosques enormes, lagos e jardins bonitos e bem cuidados. O verde impera em toda a belíssima cidade que faz parte, orgulhosamente, do reinado de Gustavo Adolfo.

Almoçamos no hotel onde teríamos que nos hospedar, logo depois fomos ao banheiro, Lourdes e eu, mas quem disse que conseguimos entrar? Estava batendo chifre lá dentro, tentamos uma segunda vez, sem resultado, por fim deixamos para mais próximo da saída.

Andei um pouco sozinha e voltei lá, estava quase vazio. Safa!! Mulher quando se junta em toilette é fogo… Estou sozinha no ônibus, os outros estão dando um passeio, pois está chuviscando e estou tossindo muito; chega o que recebi de vento ontem no Tívoli.

Tem uma senhora no ônibus que não pode descer escada, creio sofrer de dores nas pernas. Ela pede auxílio ou lhe dão voluntariamente, deve orçar pelos 60 e alguma coisa e está viajando só. Lembrei de uma americana velha que encontramos no hotel em Roma. Alvoraçada, extrovertida, extravagantemente vestida, parecia uma cigana rica, separada do seu bando, correndo mundo para gastar o que havia conseguido amealhar. No fim descobriu que era americana e, pelo jeito, milionária. A tínhamos visto à noite, brigando com o rapaz da portaria, porque queria contar todos os documentos e dinheiro que ia mandar guardar no cofre do hotel e contava e tornava a contar. O pobre moço ficou mais velho que ela, só em aturá-la. Pela manhã, na hora do café, estava no restaurante a tirar retrato de tudo quanto era garçom e, se não quisessem, veriam o que ia acontecer!!!! Juntou à força um bocado deles (cinco ou seis) e bateu a chapa. Sobrou um que foi reclamar dela, não teve dúvida, colocou o rapaz lá no canto e tirou retrato dele sozinho. Quando terminou, abraçou-os e beijou a todos. Juntou as suas coisas (que não eram poucas) entre papéis, badulaques e porcariada louca, e foi-se. Quando olhamos para a cadeira, ela havia deixado uma luva, corri para entregá-la e quase não a alcanço pois parecia o furacão da Flórida, com rabo e tudo.

A chuva aumentou e vamos saindo de perto do hotel exatamente às 14h. Aqui perto fica o cemitério, não tem muro, apenas uma grade o separa da rua e tem alameda para passeio, saindo livremente da calçada.

Alcançamos a cidade de Lund, descemos para visitar a Catedral, mas eu fiquei, estava chovendo, o que não é mole. Não sei quantos quilômetros dista de Malmo, mas é muito perto, é menor que a outra, mas é bem bonitinha.

Ganhei, comprado em Malmo, um viking de madeira do tamanho de um dedo. O coitado tem mais nariz e cornos do que outra coisa, faz dó de tão feio, mas é engraçadinho a valer.

O que mais atrai em Lund é um relógio construído em 1380, astronômico, foi destruído em 1837 e reconstruído por um arquiteto dinamarquês em 1923. Não o vi mas todos foram unânimes em dizer que é um encanto único.

Seguimos viagem por outras plagas e atingimos uma aldeia que não conseguimos guardar o nome de tão difícil é o danado.

A maior reserva florestal do país é de propriedade particular. São 40 mil acres de terra, banhadas por lagos cheios de campos cultivados, floresta amazônica portentosa. Estou brincando. O panorama é belíssimo e é pena a chuva ter estragado em parte o nosso passeio. O dono das terras habita em castelo no meio da floresta. Vê-se de longe e se tem a vontade de ir ver de perto como habitavam as damas e cavalheiros de séculos passados. Parece um conto de fadas.

Atingimos a aldeia de Svaneholm. O Castelo que é hoje transformado em Museu, tem coisas valiosíssimas. Lá saltamos e tomamos a mangirioba, que chamam de café nesta parte do mundo. Se não deitar um pouco de creme, ninguém consegue tomá-lo. Café bem feito, gostoso realmente, melhor talvez que o nosso, é o italiano, aquele sim paga a pena tomar.

Amanhã estaremos de volta a Hamburgo. O passeio foi magnífico, só que a chuva destruiu em parte o prazer.

11/Junho/71 – Parque Tívoli, Copenhagem, Dinamarca

Ontem à tarde fomos ao Parque Tívoli (parque de diversões) e gostamos tanto que voltamos à noite. Lourdes e o Waldemar foram fazer o “tour” e, como havia strip-tease, eu não quis ir. O Antenor ficou maluco para ver o Parque à noite e lá fomos os dois sem saber isca de inglês ou alemão ou dinamarquês. De noite é simplesmente deslumbrante!!!!! A iluminação em cores, arrumada artisticamente em fontes, restaurantes, árvores, lanchonetes, brinquedos de todas as espécies, jardins, avenidas.. vocês não podem imaginar o que é aquilo lá dentro. Os principais restaurantes são três: um pagode chinês, cuja iluminação principal é o vermelho, outro imitando estilo turco, onde a iluminação é variando para o verde e azul e o Bellé Terrasse, de inspiração francesa, todo em branco. Esse Bellé Terrasse tem teatro de variedades embaixo e o restaurante é no andar superior, comida francesa e italiana. Seu pai queria ir nesse, não quis ir, é muito requintado.

Parque Tívoli à noite (slide comprados durante a viagem)

As cervejarias, sorveteria, jogos e fontes são uma diversão para todo o povo que ali está se divertindo sadiamente. Os lagos, com flores, os pequenos bosques, nem sei dizer como tudo é belo e atraente. De tarde estava em um dos palcos uma orquestra com uma cantora, com música de mocidade e, à noite, no mesmo palco, músicas meio clássicas. Em outro palco vários números de acrobacias, verdadeiros milagres de equilíbrio, acompanhados de ótima orquestra.

Em umas avenidas a iluminação era em arco, em outras, lanternas chinesas dão um brilho avermelhado. As cores se confundem numa orgia adorável. A rapaziada não se cansa de correr, tomar sorvetes, refrigerantes, jogar, cantar, nem beijar, nem abraçar, montar nos inúmeros brinquedos como: trivoli, roda gigantes, carros antigos, carros modernos que se chocam mutuamente, barcos guiados pela água, montanha russa (donde se ouve gritos dos seus ocupantes), carros vikings numa velocidade incrível. Não sei como quem está lá dentro não é cuspido fora, de tão depressa que vai; é o paraíso das crianças, o céu dos adolescentes e a alegria dos adultos.

Jantamos, ou melhor, tomamos um gostoso lanche de salmão, pão, maionese e alface com meia garrafa de vinho. O cardápio era escrito em inglês, alemão e dinamarquês.

10/Junho/71

Estamos esperando Lourdes e Waldemar para ver se alcançamos o ônibus para darmos um giro na cidade e conhecer os pontos mais interessantes. Um vento frio envolve toda a cidade dando-nos a ideia de que não saímos de São Paulo. Estamos no ônibus “Tour”, partindo da Praça e vai começar a peregrinação.

Tivoli, parque de atrações em Copenhagem

Alcançamos o Tívoli, uma espécie de parque de diversões. É permanente e é uma das maiores atrações das noites desta agradável cidade. Depois veio a Estação Ferroviária e o Museu de exposição permanente. Tudo isso são edifícios enormes em cor escura e esse Museu é exteriormente muito feio.

Tivoli, parque de atrações em Copenhagem

Palácio do Bispo – bonito e no jardim tem uma maquete da cidade que ele fundou: Copenhagen. Edifício enorme é o antigo mercado de arenques, onde havia negócios com todo o mundo e depois mercado de carnes.

O Museu foi doado por uma cervejaria (não sei qual) ao país. Na entrada tem a estátua do famoso Rodin “O pensador”, fora outras que circundam todo o edifício.

Museu Nacional – antigo mercado

Tribunal – construído há 1.200 anos

O Rei Cristiano IV foi o segundo fundador da cidade, uma espécie de sultão dinamarquês, pelo que se sabe, teve cinquenta filhos; dizem aqui que ele foi o pai da Europa, pois vários filhos casaram nas cortes europeias. Construiu para a sua favorita um lindo parque, que ainda hoje embeleza a cidade, um castelo e uma fortaleza. Dizem também que existem poucas famílias na Dinamarca que não tenham por avô ou bisavô o Rei Cristiano IV. Não foi prolixo só em mulheres e filhos, foi também um grande benfeitor desta cidade que, como dizem os filhos dela, foi seu segundo fundador.

Construiu castelos, lagos (o Tívoli é artificial), museus e um mundo de coisas que honram ao seu antigo Rei. Existe aqui o Tívoli Parque e Lago Tívoli. Os lagos naturais são em três com água doce. Tem um fato interessante, narrado com crítica pelo guia: a Embaixada dos Estados Unidos e União Soviética são divididas pelo cemitério.

Igreja inglesa (anglicana) num belo edifício e em um gramado bem cuidado o busto de Churchill. Ao lado desta igreja existe uma fonte enorme que é um monumento: ela marca o local da fundação da cidade, se chama Fonte Gefion.

Estátua da Pequena Sereia: “Ela tem uma expressão triste de quem perdeu o amor e foi obrigada a ir para muito longe dele”.

No Parque, construído por Cristiano IV, existe ainda de notável um monumento aos marinheiros mortos na I Guerra Mundial e ao soldado, bem mais moderno (atual), a Associação do Ya (Club ou Real). Tem ainda, na beira do mar que bordeia o Parque, a estátua da Sereia. Ela tem uma expressão triste de quem perdeu o amor e foi obrigada a ir para muito longe dele.

Lá ao longe se vê uma ilhota com uma fortaleza. Dista de Suécia cerca de 3 km.

Bairro Porto Novo – construído por Cristiano IV, tem barcos mais rápidos para serem usados nos canais.

Existe uma estátua do fundador de Copenhagen, Bispo Absalon, muito bonita e muito coberta de excremento dos pombos.

Academia e teatro reais no mesmo quarteirão. Por fim, dos monumentos históricos que consegui registrar, existe a residência dos Reis, construída por Frederico V, Igreja, Palácio Real, palácio onde mora sua filha e outro onde funcionam para recepções e hospedagens de estrangeiros importantes. O Rei atual, Frederico IX, tem 73 anos, é tetraneto do idealizador das residências.

Lavei um lenço grande de cretone (estou resfriada) às 6h manhã e às 8h estava enxuto, dentro do banheiro!! Diz o Antenor que até os velhos ficam enxutos.

 

Copenhagem

São 150km até Copenhagen. Estamos procurando um restaurante para almoçar, são quase 13h.

O restaurante é um encanto, um capricho de dona de casa, nem todas, pois infelizmente não tive tempo nem recursos para o capricho e agora já passou da época para os interesses materiais, embora talvez se pense de outra maneira.

Quem serve no restaurante é uma senhora falando inglês, para o entendimento do Waldemar e do Sr. Diamantino. Cada janela tem uma cortina vaporosa com renda e entre elas um complemento em fazenda estampada, de muito bom gosto – Motel Guldborg.

Hotel 3 Falcões – Copenhagen-Dinamarca

Nunca em toda a minha vida sonhei com esta viagem, muito menos estar hoje em Copenhagen. Só desejo, sinceramente, que um dia vocês possam fazê-la….

A cidade atraí pelas suas ruas amplas, avenidas imensas, povo simpático e educado. Os nossos motoristas de táxi deveriam ter umas aulas de educação para imitar um pouco os europeus. Até agora não encontramos nenhum mal educado, caladão sim. Mesmo os italianos, que neste ponto são bem irmãos nossos, têm um pouco mais de cortesia. Hoje pegamos um táxi (taxa – como fala o dinamarquês) e nos deparamos com um senhor que nos mostrou a cidade com a maior deferência. Fala pouco o inglês, mas deu para o Waldemar entender. Mostrou-nos os pontos mais interessantes da cidade e amanhã iremos de ônibus para ver melhor. Hoje à noite, seu pai e o Waldemar vão ver as loiras nuas de Copenhagen. O negócio é tão sério que o Waldemar pediu à Lourdes para não ir. Sim, porque ela indo ou não, sinto muito mas não irei. O mundo noturno já tem espectadores demais para suas pornografias, não precisa ser aumentado pela minha “persona grata”.

Ópera de Copenhagem

Irei ao Moulin Rouge, porque dizem ser arte verdadeira, não existindo simplesmente exposição de sexo. O Waldemar acha a coisa mais natural do mundo e não acha que eu tenha razão em não querer ver. Nós vimos as coisas por outros olhos. O nu, no meu ignorante julgamento, é para ser visto como beleza, se assim se consegue compreender.

Mas fazer do nu meio de vida para gozo sexual, exposição de sexo, como quem vende mercadoria, não aceito esta teoria. O sexo é coisa divina, não é disfarce de bacanal nem de prostituição. Enfim, cada um enterra seu par como pode.. e isto tudo é visto a peso de ouro, custa uma nota ver esta porcariada toda.

Waldemar e Antenor terminaram não indo ao cabaré….

Vimos uma rua tipo Barão de Itapetininga, só que bem mais larga e tem até mesas de restaurante na rua. É comercial também, tem bonitas lojas e coisas lindas e diferentes em exposição.

Zurich, Hamburgo e Copenhagen têm alguma semelhança por causa das águas que banham. Zurich tem um lago enorme, bonito toda vida. Hamburgo também tem lago e é porto fluvial, pois o Rio Elbe lhe serve para isto. Como disse atrás, não deu para ver direito, apesar do nosso hotel ficar pertinho do lago, só da janela pudemos ver qualquer coisa. Às 21 horas ainda era dia, mais por isso deu para apreciarmos. Os dias aqui ficam cada vez mais longos, pois às 3 da manhã já está claro. Não sei as horas em que começa a amanhecer.

Copenhagen tem canais cortando vários pontos da cidade e o mar que lhe dá um grande porto livre. Somente em Zurich tivemos realmente água doce no banheiro, o resto é salobra demais. Em Madri foi um pouco melhor, mas mesmo assim talha sabão que é uma beleza.

Dinamarca

Saímos em direção da Dinamarca.

Temos que atravessar o mar na altura de Puttgarden. De Hamburgo até aqui a paisagem é deslumbrante aos nosso olhos de brasileiros, que não conhecemos essa ordenação nas coisas bem feitas dos europeus. Isto o sulista brasileiro conhece em parte.

Hamburgo é uma linda e atraente cidade. Ontem demos uma volta de táxi e apreciamos a beleza da iluminação que ajuda a ver melhor as bem arrumadas vitrines. Só nos deu vontade de saltar e andar pelas ruas comerciais comprando com os olhos aquilo que desejaríamos possuir; mas o sono não deu e ainda tínhamos que fazer uma arrumação nas malas para diminuir a bagagem e, consequentemente, o peso delas.

A nossa bagagem aumenta a olhos vistos e o carro está sentindo o resultado disso. Não sei como iremos fazer, pois temos ainda muitas compras a fazer em Paris e Londres.

O que mais gosto dessas casas, nas zonas agrícolas, é a uniformidade até nas cores. Não existem casas caiadas ou pintadas, são de tijolo cozido. E tem mais uma coisa, não existem nas cidades grandes os tais arranha-céus. Mesmo em parques residenciais o máximo de altura são quatro andares. Todos têm sacadas e flores embelezando tudo com uma graça de donzela vaidosa.

Estamos entrando no navio com carro e tudo (a bagagem que diminuímos é para tirar parte do peso nessa viagem). Deixamos o resto da matulagem no hotel, pois retornaremos depois de visitarmos Copenhagen e Malmo.

Como escrevi acima, o navio engoliu um monte de automóveis e até um trem de passageiros. Essa parte do Báltico é mansa como um rio. Diz seu pai, com a confirmação do Sr. Diamantino, ser um braço de mar que separa a Alemanha da Dinamarca.

É imenso e calmo, mas as águas não têm beleza pois o céu vive encoberto. O sol não aparece em Hamburgo e quem o quer ver vai passear na Dinamarca. O mar aqui não tem a agonia que encontramos em Nápoles. O navio vai devagar, seguro e firme ao seu destino, que seja sempre assim pelos tempos afora…

Dentro do mesmo se encontra de tudo: lojas, restaurantes, gente como se estivesse nas ruas, comprando e apreciando as vitrines, comendo sentados nas mesas junto às nossas e até câmbio para troca de dinheiro. O navio aportou depois de uma hora de agradabilíssimo trajeto.