Batalha, Portugal

Batalha – Pequenina cidade da qual a única atração é um mosteiro inacabado. Depois de tê-lo visto achamos preferível deixar de ver o de São Jerônimo, em Lisboa. O Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido como o Mosteiro da Batalha, é uma perfeição inacabada de arquitetura gótica e manuelina.

Mosteiro da Batalha

Começada em 1387, ficou por terminar em 1533. Faltam as cúpulas, vitrais, e os santos. Em duas colunas, onde seriam colocados alguns santos, existem duas pequeninas imagens de São João e São Domingos. Existe uma imagem de mais ou menos meio metro, ensinando internamente a saída da Igreja.

É um trabalho delicadíssimo em rendilhado. Dá a impressão de que aquelas colunas, pórticos, tetos e tudo mais têm o peso de uma peça de renda.

Os arquitetos foram retirados pelo Rei Manuel I para construir o Mosteiro de São Jerônimo – por esse motivo, quem vê o de Batalha não precisa ver o outro. O primeiro é mais bonito.

Existem dois claustros: o dos frades (ordem dos Dominicanos) e o real. O primeiro é posterior ao segundo. Pela ordem eu teria dito: o claustro real foi construído por D. João I e o dos frades por D. Afonso V.

Depois D. Manoel I, achando feio os vãos das janelas que dão para o jardim (o que seria o jardim), mandou colocar uns rendilhados que dão uma ideia de cortinas.

D. Fernando II tentou restaurar o mosteiro colocando os vitrais e a capela.

No capítulo tem a chama eterna ao soldado desconhecido, um túmulo com restos mortais de algum, guarda de honra permanente de dois soldados e uma cruz com Cristo de bronze. O Cristo está mutilado. Ao terminar a guerra de 1914/1918, a França ofertou ao soldado desconhecido português. É para o que está servindo o Mosteiro da Batalha: homenagem ao Soldado Desconhecido.

No refeitório dos frades estão vários troféus, inclusive a bandeira portuguesa e a corneta que tocou o cessar fogo da luta sangrenta 1914/1918.

Vários túmulos dão a nota trágica do mosteiro inacabado – existem frades, um conde, reis, rainhas, infantes e etc…

Lá estão D. Duarte e D. Leonor de Aragão, um príncipe, filho de D. Afonso V, neto de D. Duarte.

O primeiro arquiteto, Afonso Domingos, ao fazer a abóbada do capítulo, cegou. Não podendo continuar, entregou-a a um estrangeiro que, ao dá-la por concluída, (ela) caiu. Não se chamasse ele Porrete. Então o Afonso Domingos, mesmo cego, resolveu terminá-la com o auxílio dos seus patrícios. Ao terminar sentou-se ao centro, embaixo, e mandou tirar o andaime. Ficou depois três dias e três noites sem comer e beber, esperando que ela caísse. Morreu depois desses dias e suas últimas palavras foram: “abóbada não caiu nem cairá”. Faleceu em 1402.

A porta principal do Mosteiro é toda em alto relevo em bronze e representa a Corte Celestial. Jesus no centro com quatro apóstolos, em seguida vêm os anjos, os músicos, os profetas, os reis, os bispos, cardeais e as virgens. Vitrais do altar-mor, colocados em 1514, que representam a vida de Jesus, desde o nascimento.

Mateus Fernando foi o arquiteto do estilo manuelino do pórtico e mais as capelas incompletas. Em seu túmulo, que lá está, junto com sua família, estão escritas estas sentenças: “Vós outros que por aqui passais a Deus por nós rogais. Não deixeis de bem fazer, porque assim haveis de ser”.

Na Capela do Rei D. João I estão em seu túmulo, dos filhos D. Fernando – Infante de D. João e a esposa, Infante D. Henrique e Infante D. Pedro e esposa, D. Afonso V, neto de D. João I, D. João II – filho de Afonso V e o Príncipe D. Afonso – filho de D. João II.

Na entrada da Capela tem o túmulo de um soldado que salvou a vida do Rei João I. Mandaram enterrá-lo ali e quis significar que mesmo depois da morte confiavam nele. Na Capela onde celebram todos os dias a missa, tem a imagem ou estátua, em tamanho natural, do contestável Nuno Álvares Pereira (nasceu em 1360 e morreu em 1431) – comandante das tropas na Batalha da Aljubarrota. Depois tornou-se frade.

Estátua de D. Nuno Álvares Pereira, em frente ao Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido como Mosteiro da Batalha.

Na praça principal tem a estátua equestre do guerreiro na Igreja, vestido de frade. Tem também a imagem de uma princesa – Santa Joana.

O túmulo do professor e conselheiro dos filhos do Rei João I, Diogo Gonçalves Travassos, é muito bonito e todo enfeitado de letras “D” em gótico.

Esse mosteiro foi idealizado mediante uma promessa do Rei João I, que a fez a Santa Maria da Vitória, caso vencesse a Batalha de Aljubarrota, que foi a batalha da independência de Portugal, contra Castilha (Espanha).