15/Junho/71

Saímos da Holanda cerca das 8h, entramos na Bélgica às 10h35. O tempo está horrível, desde ontem de tarde que chove e o frio aumentou e a minha garganta está sentindo demais com o clima. Infelizmente todos têm que aguentar o meu tosse-tosse.

Na cidade de Rotterdam passa-se por um túnel construído embaixo de um rio, tem mais ou menos 1,5 km de extensão.

Na Bélgica, perto da fronteira, ou melhor, nas cidade próximas à fronteira com a Holanda, fala-se o flamengo, que deve ser uma mistura de francês e holandês. Não sei em que altura se faz essa mudança, mesmo que não estivesse chovendo, seria difícil sabê-lo. Tudo nessa Europa é complicado, tem fronteiras que exigem os passaportes, carimbam, leem, olham para os retratos e depois a cara da gente; em outras não tomam nem conhecimento se estamos entrando ou saindo.

Se olhassem muito para o Antenor, não o deixariam entrar, pois um barbeiro em Copenhagen quase lhe acaba com o bigode. Se o homem compreendesse o português, ele não teria só lábio cortado (recebeu uns 5 cortes), teria o pescoço também. Ficou horrível. Está a deixar a crescer para fazê-lo em Portugal.

Vamos rezar para Santa Clara, quem sabe o tempo melhora!!!! Chegamos às 12h30.

16h – o ônibus que iria nos pegar às 14h, chegou agora para nos levar à Bruxelas. A cidade está um pouco abandonada, tem-se a impressão que o povo daqui ou não preza a cidade ou parou no tempo, apesar da boa vontade do guia em nos mostrar algo que podia e devia ter e não existe. É pena também a chuva não ter nos ajudado. O mais bonito que vimos foi a Praça do Mercado. Deve ter havido alguém ali, mas agora não tem nada para comprar ou vender a não ser restaurantes, cafés, cabeleireiros e uma porção de coisas. O que atrai são os edifícios em estilo barroco-flamengo, lindos apesar da má conservação.

Interessante é a fonte que se tornou o emblema belga. Uma criança de bronze fazendo xixi há mais de um século. Tem uma carinha risonha e sem vergonha. É uma fonte que fica em uma esquina, no lugar mais despretensioso possível.

A Catedral, onde são coroados os reis, é muito bonita exteriormente (não entramos). O parque onde está o Palácio Real vale a pena ser visto. Tem pouca coisa notável a pequena e simples Bruxelas. Teria muito mais se fosse mais amada. O que vimos de mais moderno foi o local onde aconteceu a feira mundial em 1958. É um troço fora do comum. Tem não sei quantas esferas enormes (seis ou oito) e tem dentro restaurantes e uma porção de coisas. São seguradas umas às outras por tubos que, sem dúvida lá dentro, tem escadas ou elevadores. Pedi ao seu pai para comprar um cartão com as fotos, só assim vocês terão uma ideia do negócio. Não sei se ele lembrará.

Acabamos de jantar no hotel e almoçamos aqui também. Estou deitada escrevendo. O Antenor saiu com a Lourdes e Waldemar, não sei como aguentam, principalmente o Waldemar, bancando o caipira fanfarrão. Nesse frio danado, com uma roupa de gabardine e camisa de meia manga de malha de algodão. Já fiz de tudo para que aceite o pulôver do seu pai, mas o diabo é mais cabeçudo do que burro quando empaca.

Compraram Terramicina para mim, essa desgraçada da garganta parece que tem fogo lá dentro.

Deixe um comentário